Livro: Vox
Autora:
Christina Dalcher
Editora:
Arqueiro (2018)
Páginas: 317
ISBN:
978-85-8041-889-7
Pontuação: ★★★★
Foi uma
complicação adquirir esse livro. Comprei-o em pré-venda na Saraiva, mas depois
de dois meses que o livro foi lançado ele não tinha chegado em minhas mãos...
Essa é a mesma história que foi com Corte De Gelo E Estrelas. Comprei ambos em
pré-venda, e depois de quatro meses nada dos livros chegarem, por fim liguei
para Saraiva (já estava tentando ligar e mandar mensagem durante esses quatro
meses, mas não conseguia ser atendida, sem falar que o status dos meus pedidos
não eram atualizado) e eles disseram que Corte De Gelo E Estrelas tinha sido
cancelado, e Vox já tinha sido enviado. Duas semanas depois finalmente recebi
Vox! Haja paciência!
Eu tava
super empolgada para ler o livro quando o comprei em pré-venda, mas depois de
quatro meses mais duas semanas acabei perdendo essa vontade, e só agora peguei
o livro pra ler.
As páginas
são amareladas, a fonte é okay, têm oitenta capítulos todos bem curtinhos.
(páginas)
(capítulo)
Vox vai
trazer a história mais nojenta que li até então. Estamos em uma época, nem um
pouco longe do nosso tempo, em que os homens são o gênero dominante e as
mulheres são obrigadas a usarem uma espécie de bracelete/pulseira que é na
verdade um contador de palavras. Cem palavras por dia, isso é tudo que as
mulheres, sem exceções (sim, isso inclui crianças), podem falar durante o dia.
Passou disso elas levam uma espécie de choque forte e que vai ficando mais
forte e pior conforme ultrapassam mais o limite de palavras.
Aqui temos
uma mulher de quarenta anos com uma família de três meninos (gêmeos de onze e o
mais velho de dezessete) e uma menininha (cinco anos). Jean foi uma brilhante
neurologista, mas precisou parar de trabalhar a dois anos já que as mulheres,
de acordo com o governo, não podem mais trabalhar. Não, não podem, pois o lugar
das mulheres é cuidando da casa e das crianças. Ah, e claro, fazer crianças. Respeitar
e obedecer e aceitar a tudo que os homens fazem ou falem. Sem acesso ao mundo
virtual, não podem receber ou abrirem correspondências, somente o homem da
casa. Chamam isso de Puro. Homens Puros, Mulheres Puras, Família Pura.
A religião
predomina muito nesse novo mundo. O reverendo Carl, um pastor respeitado e
seguido por muitos, é a cabeça de tudo isso e o presidente Myers apenas uma
marionete. Por causa da doentia fé dele, Carl acredita que Deus apenas
respeitas os homens, que através dos homens que as coisas são certas e
direitas, as mulheres nada mas são que serventia dos homens. Idolatrando os
homens se idolatra a Deus.
Quando um
acidente acontece com o irmãos do presidente, Jean acaba recebendo uma oferta
para entrar no projeto Wernicke, uma área de celebro, para desenvolver uma cura
para o irmão do presidente. Como Jean já vinha trabalhando na área Wernicke
antes de eliminarem os empregos para as mulheres, o governo viu uma ótima e
rápida oportunidade de obterem a cura através de Jean e sua antiga equipe:
Lorenzo e Lin. Porém existe algo muito maior por trás dos planos do governo e
Jean vê isso como uma chance de lutar, ou então as coisas ficariam muito
piores.
Gente... Que
livro. Eu não sei se eu começo a falar mal ou a falar coisas boas. Acho que
vocês vão me vê mais falando mal.
Apesar de o
livro ter sido incrível e maravilhoso, ele traz um tema extremamente nauseante,
extremamente odioso. O motivo por não ter dado cinco estrelas e favoritado
foram dois: 1 – porque o livro me deixou com muito ódio. 2 – porque achei que a
autora pecou em algumas coisas que ficarem bem vagas. Já já falo da segunda
questão.
Falando da
primeira questão: Têm muita coisa nesse livro que deixaria muitas mulheres
enojadas, com raiva. Óbvio. Vocês leram a resenha e já devem estar sentindo
muita raiva e indignação. O livro nos ostra a importância de votar. Eu jamais
deixei de votar, mas nunca levei tão, tão, tão a sério assim as eleições...
Depois de ler esse livro, nossa... Nunca mais vou ser ignorante kkkkk.
Realmente foi surpreendente vê o quão importante foi, não apenas os votos, mas
os protestos também. Claro que estou falando dos protestos pacíficos né gente.
O tamanho da
diferença que um voto e protestos podem fazer é realmente grande. Esse livro
pode ser uma ficção, mas não é uma mentira, não estamos de fato tão longe assim
dessa realidade. Falta respeito de vários lados, e sem respeito nada funciona,
nada entra em acordo. O feminismo hoje em dia está cada vez mais forte, mas nada
ainda está lindo e perfeito. Vemos muita coisa ser melhorada, mas têm tanta
coisa que ainda ta pior. O racismo, por exemplo. Já cansei de ir pra rua e
presenciar vários tipos de racismo, é de chocar!
A questão da
religião no livro não é tão trabalhada quanto deveria. Foi algo mais como uma
base, uma base que começou a questão de oprimir as mulheres e idolatrar aos
homens. Mas a maior questão desse livro são todos os direitos que as mulheres
não possuem mais. Não podem sair do país, não podem ter certos documentos... A
função da mulher nesse livro é cuidar da casa, servir aos maridos.
Jean é uma
personagem bem forte. É daquelas que fica remoendo arrependimentos por muitas
coisas que não fez no passado e agora olha pro futuro se perguntando se teria
feito a diferença? Ela pensa bastante em sua antiga colega de quarto da faculdade
(Jackie) que era uma grande feminista, sempre em protestos, sempre defendendo e
ligada a tudo envolvendo o lugar da mulher e sua importância. Apesar de algumas
inseguranças e momentos de derrota, vemos que Jean no decorrer do livro é uma
personagem de caráter forte e por isso não fica quieta e também não ficará
parada. Não é uma mulher que se pode segurar.
É muito
frustrante vê, não apenas ela, mas seus filhos nessa vida presa. Uma menininha
de cinco anos que precisam ficar de olho com medo que ela possa falar demais,
afinal é uma criança nova né. E tem os meninos: os gêmeos são grandes o
suficiente para entender certas coisas, mas outras ainda são cegos/novos demais
para saber e entender. Já o mais velho, Steven, é um adolescente que teve a
chance de aprender muito mais que os irmãos sobre o antigo mundo, antigo tempo
onde tudo era normal, e por isso têm certa consciência, porém ele ainda é novo
e pode ser moldado, que é o que está acontecendo com ele. E é exatamente isso
que o governo vem fazendo através das escolas.
Meninas em
escolas de meninas onde só aprendem algumas coisinhas aqui e ali de matemática
e história, mas as matérias principais são: cozinha, costurar e a questão do
comportamento: tratar bem os homens, servir o que tiver que servir, limpar,
fazer compras (supermercado), etc.
Já os
meninos estudam de tudo, porém com algumas matérias extras como estudos
religiosos e outras coisas envolvendo mais religião e o homem.
Um
personagem que me frustrou muito, e também a Jean, foi Pratrick, esposo de
Jean. É um homem bom, é contra o que está acontecendo, respeita a mulher e a
ama muito. Porém ele é muito medroso, abaixa a cabeça para tudo o que o governo
disser e aceita mesmo sabendo que é errado, mesmo não gostando, ele não faz
nada. Só aceita. Mas no fim ele acabou sendo uma surpresa.
Uma coisa
que me incomodou muito no livro foi como as coisas que aconteciam eram descritas
e mostradas e trabalhadas de uma maneira bem vaga. Pelo menos certas coisas e
certos momentos. A questão de como o sistema/governo funciona e como tudo
começou e vem sendo foi bem explicado, o que não foi muito trabalhado foi o
momento que Jean começou a fazer parte do projeto Wernicke. A partir desse
momento as coisas aconteciam muito rápidas, mal era explicado, ou faziam tais
testes em um piscar de olhos e tudo terminava. Até o final do livro quando
acontece uma ação/movimento ali é algo extremamente rápido. É como se a autora
não quisesse se demorar nessas partes, por não querer se aprofundar nos
detalhes. A questão é que por ela não se demorar nessas partes acabou ficando
tudo muito vago.
Gostei
bastante de como esse livro nos mostra uma possível realidade e de como me fez
pensar muito. Infelizmente levei quase o mês todo para ler esse livro, mas foi
por falta de tempo, fiquei dias sem lê-lo e às vezes só conseguia pegar cinco
ou dez páginas para ler por dia. O inicio do livro foi um pouco arrastado, mas
isso não dura, felizmente a história vai ficando bem mais interessante e mais
tensa e só melhora.
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